( esta foto é da cidadezinha onde nasci)
_ notícias da casa paterna _
vozes escorrem pelas artérias da casa
súplicas das almas de sonhos, outrora nossos:
-a memória está lá, em pele e ossos
a vista nua, não verás passos de infâncias
a farfalhar alegrias nas retinas dos corredores:
- mas estão lá, gravados nas veias das manhãs
em letra rubra no pergaminho das horas
o solo de nossa história é lágrima nos objetos calados
luto perpétuo por todo azul escrito um dia
no musgo do tempo notícias de ser feliz não há:
_ nem de deus!
Amina Ruthar
Um comentário:
gosto muitíssimo da escrita da amina ruthar! este seu poema me fez lembrar de outro que escrevi faz tempo:
cão de guarda
líria porto
cresceu a casa
ou pequeno fiquei eu
e o corredor não tira os olhos
quartos muitos quantos
entro num e durmo noutro
o corpo oco
troco as camas de lugar
fica a cômoda o incômodo
e a dor pisa repisa
ninguém na sala na cozinha
nos banheiros na lavanderia
quem diria?
sobra espaço
faltam passos
o silêncio faz barulho de fritura
paredes portas
janelas telhado
tudo vem abaixo
(havia passarinhos
eu gostava dessa casa
como um gato)
rosnam-me os ossos
*
grande abraço - ente blog contém inúmeras preciosidades!
líria porto
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