domingo, 10 de fevereiro de 2008

-PICTOGRAFIA -

Pai...
pegue logo o cavalete, tela virgem, seus pincéis.
devolva minha menina,
que o tempo arrastou sem pedir e não mais sei onde está.

apenas sei que perdi!

trance meus cabelos em cachos, madrigado nos trigais.

risque olhos de esperança, catada nos capinzais.

busque nas rosas vermelhas o colorido das faces, deixado em nossos quintais.

a cambraia de meu vestido brilhando na goma caseira, o meu jeito pequenino, de andar meigo e faceiro.

tire pai..desta palheta!

com leve toque de marta, pinçado em fibras mágicas, apague estas todas marcas, desmanche esta cor tristeza, seque o cinza destas lágrimas.

pinte um sorriso branco, que ecoe em cada canto.

tire pai...o meu quebranto!

faça um bouquet de gerânios , colhido em nossos jardins,farto de todos os tons...derramados sobre mim

quero de fundo a varanda, aonde as histórias chegavam junto com o entardecer, braçadas de buganvília florando na cerca viva, feito rameira atrevida...que dava gosto de ver

pinte ,
risos ...
cantorias
cobra-cega ...
passa anel
folguedos de pique esconde
com matizes do arco-íris...despontando lá nos montes

porque tinta há de sobrar...pinte sua mão na minha, benza com reza e magia...que é pra nunca mais soltar!




nanamerij


janeiro/2008

Um comentário:

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

Querida Ana, levei este poema para o meu blog. Espero não se importe...

beijo e carinho meu