domingo, 10 de fevereiro de 2008




_ Búzios _


O dia acorda por dever de ofício.
A cidade não amanhece.
Velo este povo adormecido.

Caminho na Praia dos Ossos, levada pelos murmúrios de histórias, ouvindo falares entre vãos das pedras escondidos.

Aqui se vive de amor.
Aqui se matou por amor.
Aqui passou Brigite Bardot.

Os Pescadores na madrugada pegaram rumos- mares, meus olhares miúdos já perderam visão dos barcos coloridos.

Vozes de passageiros dos sonhos , cantam segredos,contritas.
Ouço, deixo que caminhem a meu lado.
Seguimos minha vida e eu, buscando entender o que dizem.

Pairo entre azuis, placidamente estendidos.

A quietude tem alongados de infinitos, anuncia descobrimentos, risca profundos.

Da vida, folheio minhas páginas.
Leitura de interiores, alguns sombrios, outros difusos.
Registros de pressas, descuidos, perceberes de que a felicidade passou por mim vezes muitas e nas maratonas afobadas do ter, nem vi.
Muito não ouvi.
Tanto não toquei.
Quanto não vivi.
Sabores e gostos perdidos ,atravessam-me com silêncios compridos, devassando memórias em matizes doloridos.

Sou -me solidão e plenitudes.
Pescadora de mim , preciso destas águas para afogar-me pagã, para batismo de renascimentos d'alma, turva e cinza.
Registro as razões do possível, gravo os caminhos do impossível, ondulando-me nas lições deste mar , nas letras de um alfabeto não escrito.

Terna a brisa que me acolhe em conchas nesta manhã , onde me sei viandante e fugaz.

Armação de Búzios dorme, derramando em meus dentros códigos de re-inventar.

Leio seus tempos ,enquanto aprendo pontos de Paz.

Ao longe...um vulto acena ,cato seu gesto como sinal.

Acho que ele me diz: -vá ...antes que seja nunca mais.

Sinto um rufar de asas ventando esperanças em minhas mãos.
Re-junto-me de possibilidades entre Búzios...na Armação.

nanamerij
Armação de Búzios/Praia dos Ossos

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